quarta-feira, 22 de julho de 2009

Sintonia e sinfonia

Estava aqui em casa ouvindo Chopin para entrar no clima da apresentação de Arthur Moreira Lima hoje à noite. Tenho saído muito atualmente, com frio e tudo. Também, pudera. Com Festival de Inverno, Festival de Dança, tanta coisa acontecendo aqui na serra o jeito é se agasalhar, beber umas e outras, deixar a preguiça de lado e correr pra pegar um bom lugar.
E ainda tem gente que diz que em Friburgo nada acontece. Já falei sobre isso aqui no blog, mas já tinha pensado em voltar ao tema até em função de um comentário feito pela Liliana Sarquis. "Claro, não estamos no Rio nem em São Paulo, mas quem diz que Friburgo não tem nada é realmente muito desinformado ou tem muita má vontade", ela disse.

Assim como a Lili, já vi músicos magníficos se apresentando para meia dúzia de pessoas. Nem os músicos da terra marcaram presença, vai entender. E não é só com música não. Já fui a uma peça com Paulo Gracindo (Paulo Gracindo, gente!) de graça no Sesc com metade da plateia vazia. Há alguns anos, atendendo a um pedido meu, o Zuenir Ventura, meu querido primo, guru e mestre veio a Friburgo conversar com a galera lá do curso de comunicação da Candido Mendes, onde dou aula. Fiquei morrendo de vergonha. Sem brincadeira, não tinha nem vinte pessoas na sala, apesar da divulgação dentro e fora da faculdade.
E não é só com gente de fora não. Lili, que sai muito mais do que eu, diz que já reparou. Os músicos locais não costumam ir aos shows de seus colegas, os artistas plásticos quase não aparecem nas exposições, assim como nossos atores e atrizes também não prestigiam as peças de teatro montadas sabe-se lá com que sacrifício, por seus colegas daqui. Agora, quando vem um global, falta lugar, tem que comprar com antecedência, pois senão a pessoa fica sem ingresso. Pode?
Liliana me contou que ao rebater o comentário de um amigo sobre o fato de Friburgo nada ter para se fazer, ele acabou por concordar, mas saiu-se com esta pérola. "É, na verdade tem, mas o que falta mesmo é divulgação". Ah, fala sério! Quem só assiste TVs do Rio e de São Paulo (temos três canais locais, gente!), não lê A Voz da Serra nem pela internet, não entra em sites locais, não ouve as rádios da terra, não vê cartazes nas ruas e, principalmente, só sabe falar (mal) da vida alheia e não conversa com ninguém sobre estes assuntos certamente não vai saber nunca o que está acontecendo.
Não falta divulgação, falta é interesse e ponto. Muitas coisas acontecem no Rio que não são nem divulgadas e ficam lotadas. O que estas pessoas querem? Que a produção vá de casa em casa convidando as pessoas???
Liliana tem toda razão. A maior parte dos que reclamam, na verdade só quer sai de casa pro oba-oba, pra dizer "eu fui ao show de fulano". Desde que fulano esteja na mídia ou seja chique dizer que gosta dele. E aí acontece o que vimos no Carmina Burana: gente que no fundo acha um saco música erudita, mas que foi só pra dizer que é culto. E a impaciência de ouvir a tal música aliada à má educação acabou por incomodar quem realmente gosta com conversas e risos, falando ao celular etc...

13 comentários:

Liana disse...

Pois é, a música erudita exige um pouco de nós, uma chance de gostar ou não...não é bater e valer, principalmente nos dias de hoje em que nossos ouvidos estão poluidíssimos com tanta porcaria,né?
Tem obras que eu adoro e outras detesto, aliás, como em tudo nessa vida. Mas defendo sempre que temos que conhecer para ter uma opinião a respeito.
E falando nisso, o Arthur Moreira Lima sempre procurou fazer um trabalho de "democratização" da música...só por isso já teria a minha admiração mas claro que vai mais além...a primeira vez que ouvi a música do Piazzolla(minha paixão) ao vivo, foi tocada por ele, lindo demais!
Dalvinha, estou morrendo de inveja da sua vida social rsrssrsrs beijo!

Márcia Duarte disse...

Acho que em parte você tem razão quando diz que as pessoas não se interessam. Há tempos também já tinha reparado que nos shows e outros eventos culturais, quase sempre encontro com as mesmas caras. Acho que o discurso da falta de dinheiro é uma forma de mascarar o desinteresse pela cultura. Lembrando a música gravada por Ney Matogrosso que indaga "você tem forme de quê, parece que as pessoas não se alimentam também dessas coisas.Lamenta-se...Entretanto, quando você se refere a questão dos pares não prestigiarem seus colegas, discordo um pouco. E aproveito essa oportunidade para registrar minha indignação com a programação do Festival de Inverno (que ainda bem que voltou ao formato original)ao colocar os artistas locais para se apresentarem DEPOIS das atrações principais. Cá pra nós, com toda boa vontade em assiti-los, não há como "apagar o frio" e o sereno que enconbre todo o público. Com isso, quem mais curte os artistas locais são os fã-clubes e os patos e cisnes que navegam pelo lindo lago do CCNF.Uma pena, tem muitos artistas locais que deveriam estar no "horário nobre" desse Festival!!!

DIÁRIO DO RUFUS disse...
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Anônimo disse...

Outro exemplo: uma amiga disse que "agora sim, tinham artistas bons (festival de inverno), porque a prefeitura estava até agora fazendo uns showzinhos com um pessoal daqui, lá mna praça (dermeval), que não interessava ninguém, ficava vazio"...
Pelo que sei ela nem ninguém da família dela foi a nenhum desses eventos. Eu fui. estava lotado (nem lugar pra sentar tinha). Vi o Meu chapéu virou Pandeiro, muito legal. O pessoal levantava e dançava em plena praça. Mas é claro que muita gente reclamou da "fraca" programação...Ah, esqueci. é porque não tem anda em Friburgo...

DIÁRIO DO RUFUS disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
DIÁRIO DO RUFUS disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
DIÁRIO DO RUFUS disse...

O "anônimo" aí de cima sou eu, tá?

DIÁRIO DO RUFUS disse...

ah...ninguém bateu palmas fora de hora no concerto de hoje. e a Miriam Dausberg nem precisou pedir,,,,rsrsr (ela, com toda sutileza fez isso no concerto de ontem).

Ana Borges disse...

Dalvinha, concordo plenamente c/vc, assim como c/a Liliana.
Acontece muita coisa em Friburgo, para todos os gostos, gêneros e condição financeira, inclusive p/quem ñ tem grana nenhuma. E tbém sempre notei q.ator ñ vai a peça do colega, assim como músico ñ prestigia o outro, exposição então,raríssimo ver artistas. Aliás quem sempre encontro, em quase tudo de bom q. acontece por aqui, é a Dirce Montechiari, que deve estar com quase 80, e tem o maior respeito pela arte dos outros,frequentando até palestras, claro, desde q. seja interessante. Enqto. a classe ignora solenemente seus pares,o povo vai em massa e faz bonito. Como hoje no concerto de A.M.Lima.
Inclusive as pessoas mais humildes têm mais educação do q. os ditos "bacanas" e "otoridades", como o caso daquela figura no Carmina Burana q. vc. comentou.
E no mais, viva Friburgo, viva nós q. nos deliciamos c/a vibrante programação do nosso festival de inverno, e outros eventos ao longo do ano. Tem pra todo mundo. Até funk/punk, cacete!
Beijão, Dal, Lili.

Ana Borges disse...

Ah, esqueci de comentar. ADORO o Meu chapéu virou pandeiro. E Nó Cego (são eles, 3 integrantes,q. tem uma menina meio loura, comprida, linda?)
Isso do q. me lembro daqui. E muito, muito mais gente legal e talentosa fazendo de tudo em arte e cultura em Friburgo.
É só ler o jornal da cidade, ouvir o rádio da cidade, assistir de vez em qdo. a um dos nossos 3 canais de TV, enfim, prestar um pouco de atenção em volta de si mesmo. Vai valer a pena. Tentem...

AB disse...

E tem o quarteto de vozes TALUM amanhã no Municipal. Às 20h.

Cris V disse...

Lianinha, o Arthur Moreira Lima foi o máximo! Agora, Márcia,não concordo com vc. quanto ao fato da organização do festival ter deixado de prestigiar os músicos da terra não. Sei lá, deve ser muito difícil montar uma grade dessas e agradar a todo mundo. Muita gente legal se apresentou ou ainda vai se apresentar no teatro, no horário nobre, um exemplo é o Talum(gente, que maravlha estes meninos, depois eu conto). Nossa, como Friburgo tem gente talentosa! Além dos já citados - Talum, Nó Cego, Meu chapéu virou pandeiro - eu destacaria tb. As Fulanas, o Victor Ludolf, o Edu Quintanilha, a Lineia Schneider, e já sei que estou cometendo injustiças pois tem muito mais gente que merecia ser lembrada por mim. Desculpem. E isso só falando de música, sem contar o resto.
E Aninha, a Dirce Montechiari é mesmo o máximo não? Admiro demais esta mulher, não só como figura humana, mas também como a grande artista plástica que é. É, vc. tem razão, eu não sou de sair, mas onde vou sempre encontro a Dirce. Ela marca presença em TODOS os acontecimentos sociais da cidade. Bjao. pra todos.

DIÁRIO DO RUFUS disse...

É, a Dirce Montechiari é um exemplo. Vejo ela em tudo...