segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Santiago Calatrava. Absolutamente genial.

Outro dia assisti um longo documentário sobre este arquiteto e engenheiro espanhol que me deixou extasiada. As obras de Calatrava são, simplesmente, espetaculares. Projetou e construiu edifícios por toda Europa, além de pontes, estádios, estações de trem e de metrô, museus, enfim, todo tipo de construção, sempre num estilo futurista, único.

Calatrava esteve recentemente no Rio para apresentar seu projeto do Museu do Amanhã,no Píer Mauá, um espaço dedicado ao conhecimento, às questões do homem moderno e, claro, ao futuro. Uma arquiteta que é minha amiga me contou que a classe não gostou nada dele ter sido escolhido para assinar este projeto pois não houve concorrência. Por um lado, eles até teriam razão, pois afinal, depois de Niemeyer e Lúcio Costa, chegou a hora dos arquitetos da terra mostrarem seu valor.
Mas a verdade é que ter um Museu do Amanhã assinado por Calatravca é uma glória para qualquer país. Eu gostei da descolha e não estou nem aí se não houve concorrência. Aliás, não estou nem aí para polêmicas deste tipo. Calatrava está acima de concorrências e é uma honra termos uma obra dele.




Projeto do Museu do Futuro, no Rio



The Chicago Spire




Gare do Oriente, em Lisboa




Tenerife Opera House



TGV Estation, Lyon



Cidade das Artes, em Valencia, na Espanha


Turning Torso, em Chicago


sábado, 14 de agosto de 2010

A longa e deliciosa conversa de Zuenir e Verissimo sobre o tempo


Estou mergulhada no livro "Conversa sobre o tempo" (Agir), onde meu primo e guru Zuenir Ventura e Luis Fernando Verissimo falam de suas vidas com Arthur Dapieve. O livro, na verdade, é fruto de uma entrevista gigante, realizada durante um encontro que durou cinco dias, com os três isolados numa fazenda em Petrópolis, acompanhados apenas por suas mulheres, em meio a bons vinhos e boa comida.

Não tinha como dar errado, eu acho. O texto, em forma de perguntas e respostas, pode não agradar a todos, mas eu gosto. E o papo flui com muita leveza e descontração, com Dapieve apenas pontuando a conversa. Zuenir é mais loquaz. Verissimo é reconhecidamente um tímido, um caladão, mas por incrível que pareça, ele também se abre bastante durante a entrevista.

Uma delícia ler as histórias que Zuenir e Verissimo contam. Os temas que eles abordam não podiam ser mais interessantes. Instigados por Dapieve, os dois amigos conversam sobre família, amigos, jornalismo, literatura, política, sexo, velhice, morte, vida.

Para os friburguenses, o livro tem um sabor a mais, pois ele conta muitas histórias de sua vida na cidade. Destaque para suas lembranças da "Viuvinha", que o iniciou e a toda sua geração no sexo, o medo da gonorreia e da tuberculose, enfim, os tabus que havia na sua época de rapaz. Também achei muito interessante a comparação feita por ele entre amizade e amor quando diz que a amizade é mais duradoura do que o amor porque "não tem cláusula de exclusividade nem a ditadura da libido". Irrefutável.

E Verissimo, apesar de sua reserva e sua timidez, também nos brinda com histórias fantásticas. Ele conta, por exemplo, como foi sua breve “vida de playboy” na juventude, com direito a carro do pai e a sexo pago. Impressionante o trecho onde ele conta a morte inesperada de seu pai, Erico Verissimo: “…ele estava em pé no escritório e sentiu uma tontura. ‘Tô ficando tonto’, disse. Aí ele se sentou numa cadeira e eu vi os olhos dele ficarem vazios. O olhar dele ficou vazio“.
>Mas ainda estou na metade. Tem muito mais histórias para curtir. Lá vou eu!!!


domingo, 8 de agosto de 2010

Beth Goulart traz Clarice Lispector de volta




Ontem fui assistir Beth Goulart interpretar Clarice Lispector aqui no nosso belo Teatro Municipal. É tão bom podermos ter acesso aqui em Friburgo, mesmo que de forma ainda descontinuada, a espetáculos como este! Tomara que estas iniciativas se repitam, cada vez com mais frequência.

Uma grande atriz, a Beth Goulart. Muito mais do que eu (que só a conhecia de TV), imaginava. E, se tem uma coisa que admiro em teatro, é monólogo. Tem que ter muita coragem e autoconfiança para se expor assim, sozinho, diante de sei lá quantas centenas de pessoas. E Beth Goulart não só encara a plateia como a encanta como Clarice.

Tenho certeza de que "Simplesmente Eu, Clarice Lispector", nasceu de sua paixão pela escritora. Só assim se explica a intensidade das cenas deste espetáculo que é todo dela. A seleção dos textos, os trechos de entrevistas e cartas ali incluídos, o figurino, a maquiage, o cenário (onde se destaca a pequena máquina de escrever de Clarice), a iluminação, tudo ali tem, certamente, o olhar cuidadoso de Beth Goulart. Que presta, assim, uma homenagem, um tributo muito especial, a esta grande escritora.

Eu também fui apaixonada por Clarice, li todos os seus livros na adolescência, um depois do outro. O primeiro, nunca vou esquecer, foi "Perto do Coração Selvagem", gostei tanto que não parei mais. O que mais gostei mesmo, acho que foi "Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres", aliás, o último que li.

Há muito, muito tempo, não leio Clarice. Depois de assistir "Simplesmente Eu, Clarice Lispector", vou escolher um para reler. Obrigada, Beth Goulart, por me trazer de volta tantas evocações de tempos idos e a vontade de me encontrar de novo com uma das escritoras que mais fizeram a minha cabeça...