segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Santiago Calatrava. Absolutamente genial.

Outro dia assisti um longo documentário sobre este arquiteto e engenheiro espanhol que me deixou extasiada. As obras de Calatrava são, simplesmente, espetaculares. Projetou e construiu edifícios por toda Europa, além de pontes, estádios, estações de trem e de metrô, museus, enfim, todo tipo de construção, sempre num estilo futurista, único.

Calatrava esteve recentemente no Rio para apresentar seu projeto do Museu do Amanhã,no Píer Mauá, um espaço dedicado ao conhecimento, às questões do homem moderno e, claro, ao futuro. Uma arquiteta que é minha amiga me contou que a classe não gostou nada dele ter sido escolhido para assinar este projeto pois não houve concorrência. Por um lado, eles até teriam razão, pois afinal, depois de Niemeyer e Lúcio Costa, chegou a hora dos arquitetos da terra mostrarem seu valor.
Mas a verdade é que ter um Museu do Amanhã assinado por Calatravca é uma glória para qualquer país. Eu gostei da descolha e não estou nem aí se não houve concorrência. Aliás, não estou nem aí para polêmicas deste tipo. Calatrava está acima de concorrências e é uma honra termos uma obra dele.




Projeto do Museu do Futuro, no Rio



The Chicago Spire




Gare do Oriente, em Lisboa




Tenerife Opera House



TGV Estation, Lyon



Cidade das Artes, em Valencia, na Espanha


Turning Torso, em Chicago


sábado, 14 de agosto de 2010

A longa e deliciosa conversa de Zuenir e Verissimo sobre o tempo


Estou mergulhada no livro "Conversa sobre o tempo" (Agir), onde meu primo e guru Zuenir Ventura e Luis Fernando Verissimo falam de suas vidas com Arthur Dapieve. O livro, na verdade, é fruto de uma entrevista gigante, realizada durante um encontro que durou cinco dias, com os três isolados numa fazenda em Petrópolis, acompanhados apenas por suas mulheres, em meio a bons vinhos e boa comida.

Não tinha como dar errado, eu acho. O texto, em forma de perguntas e respostas, pode não agradar a todos, mas eu gosto. E o papo flui com muita leveza e descontração, com Dapieve apenas pontuando a conversa. Zuenir é mais loquaz. Verissimo é reconhecidamente um tímido, um caladão, mas por incrível que pareça, ele também se abre bastante durante a entrevista.

Uma delícia ler as histórias que Zuenir e Verissimo contam. Os temas que eles abordam não podiam ser mais interessantes. Instigados por Dapieve, os dois amigos conversam sobre família, amigos, jornalismo, literatura, política, sexo, velhice, morte, vida.

Para os friburguenses, o livro tem um sabor a mais, pois ele conta muitas histórias de sua vida na cidade. Destaque para suas lembranças da "Viuvinha", que o iniciou e a toda sua geração no sexo, o medo da gonorreia e da tuberculose, enfim, os tabus que havia na sua época de rapaz. Também achei muito interessante a comparação feita por ele entre amizade e amor quando diz que a amizade é mais duradoura do que o amor porque "não tem cláusula de exclusividade nem a ditadura da libido". Irrefutável.

E Verissimo, apesar de sua reserva e sua timidez, também nos brinda com histórias fantásticas. Ele conta, por exemplo, como foi sua breve “vida de playboy” na juventude, com direito a carro do pai e a sexo pago. Impressionante o trecho onde ele conta a morte inesperada de seu pai, Erico Verissimo: “…ele estava em pé no escritório e sentiu uma tontura. ‘Tô ficando tonto’, disse. Aí ele se sentou numa cadeira e eu vi os olhos dele ficarem vazios. O olhar dele ficou vazio“.
>Mas ainda estou na metade. Tem muito mais histórias para curtir. Lá vou eu!!!


domingo, 8 de agosto de 2010

Beth Goulart traz Clarice Lispector de volta




Ontem fui assistir Beth Goulart interpretar Clarice Lispector aqui no nosso belo Teatro Municipal. É tão bom podermos ter acesso aqui em Friburgo, mesmo que de forma ainda descontinuada, a espetáculos como este! Tomara que estas iniciativas se repitam, cada vez com mais frequência.

Uma grande atriz, a Beth Goulart. Muito mais do que eu (que só a conhecia de TV), imaginava. E, se tem uma coisa que admiro em teatro, é monólogo. Tem que ter muita coragem e autoconfiança para se expor assim, sozinho, diante de sei lá quantas centenas de pessoas. E Beth Goulart não só encara a plateia como a encanta como Clarice.

Tenho certeza de que "Simplesmente Eu, Clarice Lispector", nasceu de sua paixão pela escritora. Só assim se explica a intensidade das cenas deste espetáculo que é todo dela. A seleção dos textos, os trechos de entrevistas e cartas ali incluídos, o figurino, a maquiage, o cenário (onde se destaca a pequena máquina de escrever de Clarice), a iluminação, tudo ali tem, certamente, o olhar cuidadoso de Beth Goulart. Que presta, assim, uma homenagem, um tributo muito especial, a esta grande escritora.

Eu também fui apaixonada por Clarice, li todos os seus livros na adolescência, um depois do outro. O primeiro, nunca vou esquecer, foi "Perto do Coração Selvagem", gostei tanto que não parei mais. O que mais gostei mesmo, acho que foi "Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres", aliás, o último que li.

Há muito, muito tempo, não leio Clarice. Depois de assistir "Simplesmente Eu, Clarice Lispector", vou escolher um para reler. Obrigada, Beth Goulart, por me trazer de volta tantas evocações de tempos idos e a vontade de me encontrar de novo com uma das escritoras que mais fizeram a minha cabeça...


sexta-feira, 30 de julho de 2010

TROQUE UM PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES


Recebi este texto num e-mail do amigo José Ivan e colo aqui por achar que vale a pena.


O salário de 344 professores é igual ao de um parlamentar que rouba

Prezado amigo:

Sou professor de Física de uma escola pública numa cidade do interior da Bahia e gostaria de expor a você o meu salário bruto mensal: R$ 650. Fico com vergonha até de dizer, mas meu salário é este mesmo. E olha que eu ganho mais que outros colegas de profissão, que não possuem curso superior, como eu, e recebem minguados R$ 440. Será que alguém acha que, com um salário assim, a rede de ensino poderá contar com professores competentes e dispostos a ensinar? Não querendo generalizar, pois ainda existem bons professores lecionando, atualmente a regra é essa: O professor faz de conta que dá aula, o aluno faz de conta que aprende, o governo faz de conta que paga e a escola aprova o aluno mal preparado. Incrível, mas é a pura verdade!
Sinceramente, eu leciono porque sou um idealista e passei a ver a profissão como um trabalho social. Mas esta semana, o soco que tomei na boca do estomago do meu idealismo foi duro! Descobri que um parlamentar brasileiro custa para o país R$ 10,2 milhões por ano. São os parlamentares mais caros do mundo. Custam ao contribuinte R$ 11.545 reais por minuto trabalhado. A Itália gasta R$3,9 milhões com parlamentares. a França, pouco mais de R$2,8 milhões. Na Espanha, cada parlamentar custa por ano R$ 850 mil e na Argentina, R$1,3 milhões.
Trocando em miúdos, um parlamentar custa ao país, por baixo, 688 professores com curso superior ! Diante dos fatos, gostaria muito, amigo, que você divulgasse minha campanha, na qual o lema será:
'TROQUE UM PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES'.
COMO VOCE VAI VOTAR DEPOIS DE LER ESTA MATÉRIA?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Os encantos das redes sociais


Segunda-feira cinzenta, fria e chuvosa. A manhã voa e daqui a pouco já tenho de sair para o jornal sem ter feito metade das coisas que gostaria e precisaria fazer. O tempo. O que estará acontecendo com o tempo? A escassez certamente tem a ver com o computador, pelo menos no meu caso. pois passo horas preciosas lendo e recebendo e-mails, organizando fotos, baixando músicas e vídeos, lendo posts, notícias e... conversando, é claro.

E olha que
nunca curti MSN e afins, e geralmente entro com o status "off line" até para não perder tempo. E também para não perder tempo, só recentemente me rendi, de verdade, aos encantos das redes sociais e suas múltiplas atrações. E foi, principalmente, através do Facebook (o Orkut nunca me empolgou...), através do qual tenho (re) encontrado amigos de velha data, coleguinhas e companheiros velhos de guerra. Sem esta ferramenta provavelmente jamais teria esta oportunidade. E tem sido bom demais saber por onde estas pessoas andam e andaram, partilharmos recordações, fotos de nossos filhos e netos, de nossas viagens...

Neste momento, por exemplo, acabo de receber uma mensagem de minha querida amiga Marilda Varejão, pelo Face. Foi minha diretora na Pais e Filhos e foi ela quem me levou para a Abril, em SP. Há vinte anos não sabia de Marilda e agora a achei, pelo Facebook do Luiz Carlos Cabral, outro que não vejo há milhões de anos. Em menos de dez minutos depois que mandei uma msg já recebi uma resposta super carinhosa dela, que também só agora se rende a este recurso. E acabo de receber outra do Cabral, que bom, como issop me deixa feliz. Ganhei o dia!!!

O fato é que o Facebook tem me permitido viajar no tempo e, de uma certa forma, vivenciar um período da minha vida em que era muito, muito feliz, embora talvez não soubesse disso... Hoje, nostalgias e saudosismos à parte, a maturidade não deixa muito espaço para devaneios e viagens.

Por falar nisso, deixa eu desligar o note e correr. A VOZ DA SERRA me espera!!!!!!!!!!!!








Ilustração de Andrej Mashkovtsev e Bernardo Roman Palau

quinta-feira, 15 de julho de 2010

A (falta de) sentido da vida...



No fim da tarde, depois que saí do jornal, fui lanchar no Grão Café com minha amiga Ana Borges. O assunto que dominou nossas conversas ontem, infelizmente, não foi dos mais agradáveis. A doença, com todo seu sofrimento, a velhice, o fim da vida. Ocorre que tanto eu como ela estamos acompanhando de perto o drama de muitos parentes e amigos nesta situação deprimente.

O que dizer a uma amiga, cuja mãe, de oitenta e tantos anos, teve de ser operada de um carcinoma no intestino, depois disso teve todas as complicações pós-cirúrgicas possíveis e está há quase um mês no hospital, entra e sai do CTI? E a minha irmã, coitada, com o coração já fraquinho e problemas pulmonares, cujo marido já fez 12 sessões de quimioterapia e já está enfrentando outra série de seis lá quantas sessões? A Ana, por sua vez, enfrenta diversos casos de doenças sérias na família, tios e tias idosos, alguns senis, com todas os problemas inerentes a esta condição. Sem falar em seu querido primo, o cineasta Fábio Barreto, que está em coma há sete meses depois daquele trágico acidente. E o Guerra, meu amigo de longa data (e hoje apenas através da web) que há anos vê o estado de sua mulher, uma jornalista premiada até com o Esso, se deteriorando, vítima de Alzheimer desde os 40 e poucos anos? E olha que só estou comentando aqui situações e casos de gente próxima e que não são, sequer os mais tristes e dramáticos que a gente conhece.

Não, não é fácil. Pessoalmente, não consigo aceitar estas situações com tranquilidade, embora não haja outra opção. Para quem, como eu, se tornou agnóstico, para quem, como eu, perdeu a fé, depois de tentar (e se decepcionar) com várias religiões e várias possíveis explicações para o sentido da vida, é pior ainda. Para quem acredita que tudo isso que acontece é por vontade de Deus, quem acredita erm céu e inferno, na vida eterna, estas coisas, é muito mais fácil.
Enfim, xô baixo astral que está um dia lindo lá fora e hoje marquei um happy hour com meus primos queridos. Vamos tomar um bom vinho no Cônego e celebrar a vida. Enquanto é tempo...

Imagem de Jacek Yerka


quarta-feira, 14 de julho de 2010

Erasmo Carlos e eu



Ontem eu entrevistei o Erasmo Carlos. Pelo telefone, o que nunca é a mesma coisa que uma conversa ao vivo, com o papo rolando e as perguntas surgindo naturalmente. Também não chega perto de uma boa entrevista por e-mail. Sim, dependendo do entrevistado, pode render excelentes matérias. Outro dia mesmo, o Egberto Gismonti, que vai receber uma homenagem em Friburgo, me deu uma ótima entrevista, toda on line.

Mas, voltando ao Erasmo, que se apresenta amanhã no Festival de Inverno aqui de Friburgo, ele é, realmente, o que eu imaginava. Uma simpatia, um fofo. Perguntei a que atribuía o fato de fazer sucesso tanto entre os mais velhos como entre a garotada e a resposta estava na ponta da língua. "E porque eu sou um garotão", disse. "De cabelos brancos, mas um garotão". E é verdade. Aos 69 anos e quatro netos, com suas roupas de couro, sem nenhuma tatuagem, sem nenhum piercing, usando gírias da década de 60, o Tremendão nunca deixou de ser uma figura muito, muito jovial.

Eu, pessoalmente, adoro as canções de Erasmo (as da Jovem Guarda, nem tanto) e algumas me emocionam sempre que ouço. Lembram de "Pois sem você, meu mundo é diferente..."? Me leva às lágrimas, não sei porque. "Sentado à beira do caminho", idem. E "Olha, você tem todas as coisas / Que um dia eu sonhei pra mim", idem. Sem falar na da novela Caminho das Índias ("Onde você estiver não se esqueça de mim"), que amo de paixão até hoje. Tem também aquela em que homenageia as mulheres ("Dizem que a mulher é o sexo frágil/ Mas que mentira absurda..."). Nossa, a cada momento me lembro de mais uma. Agora me veio à mente "Com cabeça de homem e coração de menino"... , o máximo.

No show de hoje à noite - Rock N' Roll - ele vai mostrar, basicamente, as canções de seu último álbum, com este mesmo título. Rock pauleira, claro. Aliás, o mesmo show que ele vai fazer semana que vem no Circo Voador, quando será gravado o DVD. "A cada dia que passa, fico mais roqueiro", diz. Mas garante que não vai deixar de cantar "Sentado à beira do caminho". Caso contrário, diz, "sou crucificado".

Foto de Marizilda Cruppe

Se quiserem ler a matéria, saiu na Voz da Serra. www.avozdaserra.com.br

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O excesso de imagens ainda vai acabar comigo...

Estou para terminar este post desde a manhã de ontem. Que nada. Fui enrolando, fazendo outras coisas, deixando para depois. Não sei o que está acontecendo. Ando tão cansada do blog! Ao mesmo tempo, cada vez tenho mais posts na cabeça, esperando a vez de serem digitados. O Facebook tem me roubado (?) um tempo precioso, mesmo sem aderir àquelas besteiras de Farmville e afins.

Também estou me familiarizando com meu novo notebook, um Dell vermelhinho Intel Core i5 6 giga de ram com Windows 7, uma joia mesmo. Mas dá o maios trabalho mudar de computador, não é? Como em qualquer mudança e por mais organizado que a gente seja, implica em arrumar, jogar coisas fora, mudar outras de lugar. Estou neste processo e empacada com o álbum de fotos de Alice, uma loucura com milhares de fotos. E as do casamento de Helena, feitas pelo Daniel Marcus, nossa, todas tão maravilhosas, como selecionar as melhores? Já vi que sem ajuda de Julia não conseguirei dar conta desta empreitada.
Por falar nisso, li ontem uma entrevista com Fernando Meireles onde ele criticava o excesso de imagens filmadas ou gravadas dos tempos atuais. Ele dizia que a "farra das digitais" não acrescentou nada de bom ao tempo do filme, pelo contrário. Só dá mais trabalho ao montador e pode ser observada por qualquer usuário de uma câmera digital, que acaba reunindo milhares de fotos e muitas vezes não consegue sequer organizá-las adequadamente. É o meu caso e o de muita gente. De que adiantam tantas fotos? Eu, pelo menos, não abro mão da cópia em papel. Então, à medida que organizo, tenho de escolher as fotos que mandarei copiar. Intuitivamente, procuro seguir mais ou menos o esquema das câmeras tradicionais, de filme, que tenho na cabeça. Umas 36, digamos, por evento. A não ser que seja um evento muito especial mesmo. Neste caso, o céu é o limite. E aí é que mora o perigo. Por falar nisso, deixa eu voltar pro My Pictures que elas, as pictures, estão lá, à minha espera.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

"Cala Boca Galvão"


Eu estava viajando e fiz questão de (tentar) esquecer a internet. Quase consegui. Mas, de qualquer forma, só fiquei sabendo do fenômeno “Cala Boca Galvão” agora e achei o máximo. Principalmente por ter mostrado, mais uma vez, como as redes estão mudando comportamentos e até políticas de empresas de comunicação.

O fato é que a Globo ficou com uma tremenda banana quente nas mãos depois que a mensagem “Cala Boca Galvão” correu o país através do twitter. O protesto se disseminou com uma rapidez surpreendente, chegando a ter repercussão mundial. Até um clip com Hitler xingando o locutor circulou pela rede e vai aparecer em episódio dos Simpsons. A campanha ganhou até matéria no New York Times.


Não foi a primeira vez que os torcedores se manifestaram com o slogan "Cala Boca Galvão". A diferença é que antes o protesto se resumia a faixas nos estádios - o que também ocorreu agora nos estádios sul-africanos, mas que a Globo, com seu prestígio, conseguiu impedir. A Globo fez bem. Em vez de criar polêmicas com os twiteiros, ateando mais fogo na fogueira, brincou com a repercussão do fato em seus programas de esporte. E quem acompanha futebol garante que o Galvão está aparecendo menos e que daqui pra frente, ficará ainda com menos espaço, podem apostar. Garanto que o Galvão vai ganhar umas férias prolongadas depois da Copa. Bem feito.



terça-feira, 22 de junho de 2010

NY, a cidade que mais desperta uma devoção irracional nas pessoas, já dizia Woody Allen

Pisando pela primeira vez em NY

Viajar. Não conheço nada melhor para arejar a mente e a alma, principalmente quando viajamos em boa companhia. Esta minha viagem recente a NY foi assim, com tudo dando certo, se encaixando, desde o momento em que decidi ir até a hora da chegada, já saudosa de casa, dos meus travesseiros e até da rotina aqui. Foi um privilégio conhecer NY ao lado de minha filha, uma viajante contumaz, louca por mapas e geografias, uma companheirona em todos os sentidos.
Por outro lado, eu a surpreendi com uma incrível disposição física e mental. Fui uma companheira de viagem à altura e acompanhei seu pique (que não é pequeno) do primeiro ao último dia. Na véspera da volta, alugamos uma bicicleta no Central Park pelo dia inteiro, com direito a uma parada de umas duas horas para mais uma visita ao Metropolitan.

Com Julia no Rockfeller Center e o Central Park ao fundo

No Metropolitan, uma exposição de Picasso nos aguardava


Pausa para descanso e para admirar Manhattan do Central Park

O que mais me encantou naquele país? O nacionalismo de seu povo, que sempre foi grande, mas certamente cresceu ainda mais depois das bombas que destruíram o World Trade Center. Achei bonito demais ver a bandeira e as cores americanas por todo canto, em cada casa, cada jardim, cada carro. Aqui no Brasil, este nacionalismo só aparece em época de Copa do Mundo e, mesmo assim, depois que voltei de lá, achei muito, mas muito tímidas, estas manifestações.

Já que falei em atentados, outra coisa impressionante que observei foi a paranoia (mais que justificada, aliás) dos americanos quanto a isso. No metrô, cartazes mostrando uma caixa embaixo de um banco com os dizeres “If you thing something, say something". Um dia encontramos uma das alas do Central Park fechada pela Polícia por conta de uma mochila esquecida debaixo de uma árvore por um operário da manutenção. E, a melhor de todas. Para subir na Estátua da Liberdade, além de toda aquela segurança exigida para entrar num avião, agora a gente tem que passar por uma máquina que, literalmente, nos cheira inteiros. Certamente para ver se temos algum vestígio de pólvora ou assemelhados.

Mas, como já falei, mudei bastante minha opinião a respeito dos norte-americanos. Sem, entretanto, achar que eles estão certíssimos com relação, por exemplo, a sua política externa. A verdade, porém, é que construíram um país que pode se orgulhar de ser a terra das oportunidades e, não sem razão, nunca vi tantas pessoas de nacionalidades diferentes reunidas num lugar só. E não estou falando de turistas, claro, e sim de trabalhadores, gente de todos os países que encontrou ali o que não conseguiu em sua terra: emprego, trabalho, saúde, educação digna para os filhos, segurança e também, porque não, os prazeres do consumo. Recessão? Sim, é uma realidade (e não precisamos ir até lá para saber disso), mas, sinceramente, pelo menos numa breve e descompromissada visão de turista como a minha, não dá para perceber nada não.
O fato é que jamais imaginei que fosse me encantar com os Estados Unidos. Logo eu, que como todos ou quase todos os jovens dos anos 60, fui uma anti-americanista ferrenha, do tipo que nem calça Lee usava, por ser um símbolo do imperialismo ianque. Pois me rendi aos encantos da terra do tio Sam.

Sim, fiz quase todos os programas de turista, pois felizmente era esta a condição que me levou até lá. Mas, apesar do pouco tempo, pude vivenciar muito da cultura americana, já que não ficamos hospedadas num hotel e sim em New Jersey, numa cidadezinha tipicamente americana chamada Hawthorne, onde mora minha sobrinha e que fica a menos de uma hora de trem de NY.

Por falar em programas de turista, todos me perguntam o que mais gostei e a resposta está na ponta da língua. “O Fantasma da Ópera” na Broadway, é claro. Impressionante, emocionante, indescritível, a coisa mais linda que já vi na vida. Queria ter ido a muitos outros musicais, principalmente “Chicago” e “The King Lion”, que estão sendo muito elogiados, mas o tempo e os dólares não permitiram.

O espetáculo mais maravilhoso que já assisti

Também fiquei deslumbrada com a visão de Manhattan do alto do Rockfeller Center, principalmente à noite. E com o Central Park, que delícia de lugar, e também os museus, sobretudo o Metropolitan e o Madame Tusseau. Com Times Square e suas luzes, o Carnegie Hall, Wall Street, com o Village e seus músicos fantásticos cantando blues no meio da praça, a Estátua da Liberdade, o Empire State, enfim, com todos os símbolos desta grande cidade que nos acostumamos a ver nos filmes e noticiários de TV. Sem falar nas lojas e seus preços, muito, mas muuuuuuuuito mais baratos do que aqui, de roupas a eletrônicos. Sem brincadeira, mesmo sem ser propriamente consumistas, qualquer um sucumbe a estas tentações, até por saber que vai pagar três, quatro vezes mais caro por aqueles produtos quando vier a comprá-los aqui.

O visual noturno de NY a partir do Rockfeller Center

=

Frente a frente com Einstein no museu de Madame Tusseau

No Museu de História Natural


Também passamos um dia inteiro em Atlantic City, conhecendo os cassinos luxuosíssimos. Na foto, tirada em frente ao Taj Mahal, do Donald Trump, Beth, Debbie, eu e Julia

domingo, 30 de maio de 2010

Blog de férias



Andei muito esquisita. Eu e minhas ausências. Cheia de matérias para escrever e eu, ali, paralisada diante do word ou pro blogger em branco. Que dificuldade. Esquecimentos? Há muito já tinha saído de seus parâmetros habituais e que já podiam ser considerados exagerados. De mau humor à depressão foi um salto.

Foi então que tive uma ideia maluca. Viajar. Julia, minha filha, logo comprou a ideia e me presenteou com um um passeio a Nova York. O melhor de tudo é que vamos viajar juntas, que maravilha. Debrinha, estamos chegando!

Não vou encher o saco de ninguém com relatos e fotos de viagem, prometo. Mas quando voltar, já refeita do estresse que me deixou um bom tempo afastada deste blog, prometo retornar aos deveres de blogueira, com textos novos no ar. Sinto uma falta imensa de vocês, dos recadinhos, dos e-mails. Adorava quando meus seguidores perguntavam porque havia sumido do blog e me cobravam novos posts. Por enquanto, porém, bye bye e até breve.

domingo, 4 de abril de 2010

Mau humor


Ando num mau humor que dói. Nem eu estou me aguentando. Daí que sumi daqui do blog e só estou respondendo aos e-mails absolutamente necessários - aliás, só tenho feito mesmo o que é necessário.
Depressão? Sei não. Acho que depressão é coisa mais séria, que tira o chão da gente, nos impede de agir, de fazer as coisas, de trabalhar. Não é meu caso. Estou apenas desanimada.

Nada parece me motivar. Acho que se alguém chegasse agora me acenando com a viagem de meus sonhos eu até iria mas teria que fazer um certo esforço para me empolgar. Se é que me empolgaria. Além do mais, ninguém vai surgir diante de mim com uma proposta destas. Então, não preciso nem me preocupar.

Quase um mês sem meu notebook e isso sim, me tirou do sério, me tirou o chão. Sinto-me perdida sem meus textos esboçados, minhas imagens, minhas fotos, meus e-mails. Nada salvei pois era para o bichinho voltar no mesmo dia. Em vez disso, mandaram minha máquina para São Paulo sem me consultar e aqui fiquei, órfã de pai e de mãe. Abandonei meu blog. Em compensação, li muito mais, vi muito mais filmes e, como não sou de ficar parada e depressõezinhas ou desânimos, como queiram, não me derrubam, organizei fotos, documentos, fiz tanta coisa... Esta semana, parece ou melhor, o mais tardar, segundo me garantiram, ele, o notebook estará de volta.

E com ele, estejam certos, vocês que ainda me visitam, apesar de tudo, Cris V atacará novamente. Tenho tanto as contar, me aguardem!

Imagem Vladimir Clavijo Telepnev

quinta-feira, 25 de março de 2010

Chico Buarque, o escritor


Acabo de reler Leite Derramado e se não estivesse com tantos outros livros para ler, acho que toparia tresler esta obra-prima. Minha relação com o escritor Chico Buarque é de devoção absoluta. Mais ainda que como músico. E olha que sou looooooooooooooouca pelas músicas de Chico, tipo macaca de auditório mesmo.

Seus livros, porém, me atingem tanto, sei lá o motivo, que uma vez só é pouco para me satisfazer. Quero sempre mais. Fazenda Modelo, o primeiro que li, não chegou a me tocar tanto, mas a partir de Benjamim e Estorvo, passei até a preferir o Chico escritor ao Chico compositor. Com Budapeste, que já li sei lá quantas vezes, esta preferência se consolidou ainda mais. De uma certa forma, como jornalista, me identifiquei com a história do ghost-writer José Costa. O filme, de Walter Carvalho, é fantástico, mas o livro é melhor, muito melhor.

Cheguei, então, a Leite Derramado, que comecei a ler lá pelo final do ano, economizando para não acabar. Creio que este seja o livro mais denso de todos os que ele já escreveu. É espetacular.

Uma saga familiar, mostrando a decadência social e econômica da nobreza e da burguesia brasileira. A fala confusa, embaralhada e por vezes repetitiva do personagem principal, Eulálio Montenegro d´Assumpção, quase morrendo num leito pobre de hospital, é comovente. De família nobre, eles nos passa uma visão extremamente pessimista da sociedade brasileira desde aqueles tempos, os preconceitos de classe e de raça, o machismo, o oportunismo, a corrupção, a destruição da natureza, a delinqüência, está tudo ali. Impressionante como em tão poucas páginas

Chico consegue dar vida a tantos personagens, que se tornam, também inesquecíveis para quem leu! Nem estou falando de Matilde, sua grande paixão, mas da filha, da amiga da filha, do neto, da namorada do neto. Sem falar na enfermeira para quem, em princípio, ele está contando sua história.

Sei não, acho que vou pegar nele de novo, só para marcar umas passagens que adorei, como esta, por exemplo, quando referindo-se à sua filha Eulália, ao tornar-se avó, fala que "avós são que nem mães meio abobalhadas". Pura verdade. É o que eu sou com a minha Alice...

E, por falar em Alice, como é que eu pude esquecer de citar neste post os livros infantis de Chico... Sua obra-prima, Chapeuzinho Amarelo, já dei de presente para um monte de sobrinhas. Que coisa linda este livro.



quinta-feira, 18 de março de 2010

De depressão e outros bichos



Ando nostálgica demais e até um pouco deprimida, eu diria, daí meu sumiço aqui no blog.
Interessante como certos sentimentos surgem assim meio sem explicação e sem motivo. E, pior ainda, quando chegam a tomar conta da pessoa, deixando-a literalmente prostrada, incapaz de tomar iniciativas, por vezes até de trabalhar, de produzir.
Não é meu caso. Mesmo. Não sou chegada à fossa e baixo astral. De fossa só gosto mesmo é de Dolores Duran, Maysa, Nora Ney e Edith Piaf, Billie Holliday, Aznavour e tantos outros mais.

Tenho um medo danado da tal da depressão. Sei o quanto este estado é malévolo e perigoso. Já vi pessoas queridas se isolarem por completo, se destruírem, sob o jugo desta terrível doença. Um amigo meu se jogou recentemente da ponte Rio-Niterói. Deixou mulher, dois filhos, que horror. Pelo menos duas grandes amigas minhas, ambas brilhantes, uma artista plástica e outra, jornalista, jamais conseguiram se livrar das garras da depressão. Ainda estão vivas, mas é quase como se não estivessem.

E olha que hoje dispomos de tratamentos avançados e eficientes, medicamentos que dão conta de controlar pelo menos os sintomas da doença. Mesmo que, como li não sei aonde, que estes funcionam como um band-aid, nada mais são que curativos, impedindo que a pessoa se machuque ainda mais.

Eu, em??? Estou fora. Assim que der vou é passar uns dias no Rio. Estou precisando de sol, de mergulhar no mar, de rever amigos queridos, de ir ao teatro e depois sair para jantar, de passar horas na Livraria da Travessa esquecida do tempo, de ir ao Cervantes comer sanduíche de rosbife, de dormir e acordar tarde, enfim, de sair da rotina.

De repente, é só o que está me faltando. E só de pensar nisso já melhorei de astral.





Imagem Kevin Peterson

sexta-feira, 12 de março de 2010

De poesia e poetas


Estou praticamente sem computador. Meu notebook foi para uma geral desde segunda-feira e estou usando precariamente o daqui da sala. Não gosto. Sinto-me como se estivesse trabalhando ou melhor, como se não tivesse parado de trabalhar. Muito diferente de curtir blog (o meu e o dos outros) recostadinha na minha cama na frente da TV...

Não que eu não goste do meu trabalho, longe disso. Gosto e gosto muito. Mas escrever sob encomenda, com todas as restrições e limitações comuns à imprensa (principalmente no caso de um jornal do interior) é bem diferente de escrever o que vem à cabeça, sem pauta, sem ter que pedir aval de ninguém, sem se preocupar em agradar ou desagradar.

Por outro lado, tem sido bom este distanciamento.
Com Cris V assim meio por baixo, meu lado poeta, o mais obscuro, mais inseguro, mais escondido e menos trabalhado de minha personalidade, tem tido alguma oportunidade de se manifestar...

Desde a adolescência me atrevo a fazer poesia. Ou melhor, tento fazer poesia. A maioria (bota maioria nisso!) jogo fora no ato. O que sobra, também não demora a dançar. Tenho uma autocrítica bem desenvolvida e um razoável conhecimento do tema (pelo menos, muita leitura, pois sempre fui uma leitora voraz de poesia), que me permite avaliar com bastante isenção minha "produção poética", digamos assim. E, pelo menos por enquanto, posso garantir que ela não resiste a uma análise criteriosa. Priscila V (ou o pouco que dela sobra) tem mais é que ficar escondidinha no seu canto, treinando, treinando... Quem sabe um dia ela consiga produzir algo que possa até ser postado aqui no blog?

Que gênero difícil, a poesia. Não importa se com rima, sem rima, com métrica ou sem métrica, se poema, soneto, haikai ou até mesmo uma trova, tudo isso se reveste, pelo menos para mim, de uma extrema complexidade. E a facilidade com que se cai no pieguismo ou no kitsch! Talvez para os grandes, os verdadeiros poetas, isso não seja assim. E tem gente que já nasce poeta, não tem jeito. É o caso da minha sobrinha Rachel Rabello, que não tem mais de 20 anos mas desde sempre faz poesia da mais alta qualidade. Seria um dom inato? Pode ser desenvolvido? Qual o segredo???

De uma coisa eu sei. Não basta ter sensibilidade, criatividade, domínio de texto e adorar poesia para dominar minimamente este gênero literário. Eu amo poesia desde que me entendo por gente. Minha alma precisa de poesia tanto quanto precisa de música. São de poesia os meus livros de cabeceira e alguns dos meus blogs favoritos, o Terra de Esperança, o Poemblog, o Poesia Ilimitada, o Efemeridades e Delírios, o Confetes e ainda outros que acabo descobrindo e passando a seguir.

Bem que eu gostaria de ser capaz. Por enquanto, me limito a treinar e a curtir estes autores que alimentam nossa alma de beleza e sensibilidade. Neste domingo, 14 de março, Dia Internacional da Poesia, minha homenagem aos grandes poetas de ontem e de hoje. Os consagrados, os menos conhecidos, os anônimos e os quase anônimos. Com destaque para os meus favoritos: Pessoa, claro, Drummond, claro, Vinicius, claro, Cecília, claro, e Lorca, e Florbela Espanca, e Neruda e tantos outros mais. Sem falar em Ana Cristina César, Cacaso, Bruna Lombardi, Alice Ruiz, Caio Fernando Abreu, Adélia Prado, Ferreira Goulart, enfim, uma lista interminável. Felizmente.


Imagem de Colin Thompson