sexta-feira, 10 de julho de 2009

Ainda sob o impacto de Deborah Colker

Semana sinistra esta, com muuuuuuuuuito trabalho, compromissos, encontros e desencontros, pagamentos, filas, supermercado, dentista, estresses vários, com direito até a amassado no carro ao manobrar na garage. Maldita pilastra.

Enfim, no meio disso tudo, um alento, um bálsamo. Deborah Colker em plena terça-feira de lua cheia. Apesar do desconforto daquelas arquibancadas de madeira do Sesc (ninguém merece), tivemos direito a assistir a um espetáculo deslumbrante e que subiu a serra completo, o que nem sempre acontece. Então, com exceção do conforto, estava tudo perfeito, som, iluminação, cenário e a presença da própria Deborah, que pela primeira vez não dança e fica apenas no comando da trupe.

Cruel é bem diferente do que eu imaginei. Sei lá porque, fiquei com a impressão de que teria muito Vivaldi, o que não aconteceu. Sim, tem Vivaldi, para mim, um dos momentos mais bonitos do espetáculo, mas só por um breve momento. Até porque as cenas são todas muito rápidas, muito dinâmicas, tudo muda o tempo todo, o cenário, os figurinos, a trilha sonora, a concepção do espetáculo, enfim.

No intervalo, algumas pessoas comentavam não estar entendendo nada. Ora, ora, balé não é para entender, é para viajar na música e no movimento, acho eu. A própria Deborah falou que Cruel "não é peça, não é novela, não é libreto". Mas fica claro para qualquer um dotado de um mínimo de sensibilidade, que o fio condutor de Cruel é o amor, um olhar cruel sobre o amor, sentimentos muito conhecidos por todos nós, como ciúme, frustração, decepção, traição.

Mesmo abordando esses temas, Cruel está longe de ser um balé pesado, muito pelo contrário. É alegre, bonito e muito, muito romântico e sensual. Além de muito louco também. Impressionante o que aqueles bailarinos são capazes de fazer com seus corpos e o que Deborah Colker é capaz de inventar num palco. (Foto: Daniel Marcus)


Palavras de Deborah Colker
"O desejo é cruel. Trabalhei a condição humana do desejo, desejo que a gente não escolhe, que muitas vezes é proibido, mas que existe. Desejos que jorram dentro e a gente tem que aprender a administrar. Então, neste processo de nó, eu pensava como tem tantas coisas na vida da gente que são cruéis. A velhice, a juventude, a paixão, o amor, a traição, a rejeição, a beleza. Tanto as situações fascinantes da vida como as difíceis são cruéis".


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