segunda-feira, 27 de julho de 2009

Corporativismo médico

O Sidney Rezende está acompanhando. Vira e mexe toca no assunto e diz que vai ficar em cima. Grávida de nove meses, Manuela Costa, de 29 anos, foi até o Miguel Couto em busca de atendimento. Lá, o médico de plantão, José Roberto Tisi Ferraz, rabiscou em seu braço o nome da maternidade Fernando Magalhães, em São Cristóvão, e as linhas de ônibus que ela deveria pegar para chegar. O resto, todo mundo sabe. Manuela foi submetida a uma cesariana de emergência e perdeu o bebê.

Depois de faltar duas vezes ao depoimento na delegacia, José Roberto Tisi Ferraz disse que quando examinou Manoela ela não apresentava sintomas de gravidez de risco. Engraçado, porque no boletim dela, o doutor escreveu “hipótese diagnóstica de trabalho de parto prematuro”. Sobre o fato de ter escrito no braço de Manoela o número da linha de ônibus e o nome do hospital (que coisa humilhante!), o médico justificou que não havia papel por perto para fazer a anotação.

Pior é que não foi só uma vez. José Roberto teria escrito nos braços de duas outras grávidas que atendeu (ou não atendeu, né?) o número dos ônibus que deveriam pegar para chegar na maternidade municipal. Para ele, o quadro era o mesmo. Elas não estavam em trabalho de parto e ponto final.

Sidney Rezende contou hoje em seu blog que esteve na Cremerj para saber que providências foram ou estão sendo tomadas para esclarecer o caso. Disseram que foi aberta uma sindicância para apurar a denúncia, que o procedimento é sigiloso e processos assim costumam durar no mínimo seis meses. Até um ano. Informaram também que caso o médico seja condenado, as penas públicas poderão ser censura pública, suspensão de 30 dias ou até cassação de registro, desde que esta medida seja referendada pelo Conselho Federal de Medicina. Até lá, todo mundo já esqueceu. Ou alguém duvida do tal corporativismo médico?



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