sábado, 4 de julho de 2009

Soneto de aniversário

Em homenagem a D este Soneto de aniversário de Vinicius

Passem-se dias, horas, meses, anos

Amadureçam as ilusões da vida

Prossiga ela sempre dividida

Entre compensações e desenganos.



Faça-se a carne mais envilecida

Diminuam os bens, cresçam os danos

Vença o ideal de andar caminhos planos

Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura



À medida que a têmpora embranquece

E fica tenra a fibra que era dura.

E eu te direi: amiga minha, esquece...

Que grande é este amor meu de criatura

Que vê envelhecer e não envelhece.

(Rio, 1942 / Texto extraído da antologia "Vinicius de Moraes - Poesia completa e prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 451)

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