segunda-feira, 1 de junho de 2009

"Jesus, me abana!!!"

O caderno Light de A Voz da Serra publicou sábado um artigo maravilhoso assinado pela psicanalista Elma Izaí que vale a pena ler. Ela viveu alguns anos aqui em Friburgo, depois sumiu, mas agora nos brinda com estas reflexões muito interessantes. Confiram. Em tempo: o Raj em questão é o personagem interpretado pelo gostosão do momento, Rodrigo Lombardi, em "Caminho das Índias". E o artigo não é sobre novela e sim sobre relacionamento.
O Raji nosso de cada noite

Todas as noites ele entra sala adentro, perturbando nosso sossego. Aproxima-se de nós, enquanto nosso companheiro de quarto cochila na poltrona. Rouba nossos sorrisos mais íntimos e nossos ais quando lambe com os olhos o rosto de sua mulher.

Ele a olha delicadamente, e seu olhar varre seu corpo devagar, enquanto suas mãos a tocam quase imperceptivelmente. Ele a abraça enquanto ela está de pé! Ah, como isto faz diferença! Deitados, somos todos do mesmo tamanho, e isso muda tudo. De pé, as distâncias, as diferenças, são percorridas pelos olhares, pelo sussurro da respiração e, principalmente, de pé a gente se move e os corpos se aproximam e se afastam, criando uma energia absolutamente especial

Como já diziam os antigos: mulheres não têm órgão sexual! Por isso espalharam sua sexualidade por toda a pele. Mas, por algum motivo, esqueceram de dizer isto aos homens. Então, enquanto as mulheres esperam ansiosas que seus parceiros lhes acariciem a nuca e os cabelos, eles se preocupam em despi-las. As mulheres não querem ser despidas, querem ser desfolhadas, querem que lhes retirem as pétalas suave e delicadamente. E o Raji faz isso, enquanto muitos maridos leem a parte de esportes do jornal...

O Raji jura que vai tentar! As mulheres adoram esse tipo de compromisso. Mas muitos maridos acham completamente desnecessário reafirmar afetos que já deveriam estar mais do que claros. O Raji dança e se encanta com a dança de sua mulher. As mulheres adoram dançar e mais, adoram serem vistas dançando...

O Raji entra pela tela da tevê e invade os sonhos das mulheres, que sorriem encantadas, enquanto alguns maridos esperam a novela acabar para ver alguma coisa que preste na TV. O Raji autoriza fantasias, estimula desejos e, principalmente, se alia à mulher na defesa da delicadeza e da ternura...

Ou tiram o Raji do ar ou vai ter muita mulher pedindo visto para a Índia ou despachando seus companheiros de vida para outros destinos. Porque enquanto ninguém faz as mulheres se conformam, mas quando aparece alguém fazendo, fica muito mais difícil resistir ao desejo de ser delicadamente amada.
(Elma Izai, psicanalista)

Um comentário:

Helena disse...

Adorei o texto!Parabéns! Helena