sábado, 16 de janeiro de 2010

Zilda Arns, a Madre Tereza dos brasileiros


A morte de Zilda Arns me deixou triste demais, não me sai da cabeça. Esperei um pouco a poeira baixar, a ficha cair, para falar sobre esta mulher extraordinária, a quem eu tanto admirava, aqui no blog.

Não gosto de falar de mortes, detesto enterros, missas de sétimo dia e afins. Passo batido pelo noticiário sobre tragédias naturais e obituários. Mas, mesmo com atraso, quero deixar registrada minha homenagem a esta mulher única, linda, que o mundo acaba de perder. Com um sorriso permanente nos lábios, os olhos brilhantes, uma fibra e um entusiasmo capaz de mobilizar exércitos de voluntários para seus projetos, Zilda Arns transbordava bondade, pureza, entusiasmo e fé. Fé na vida, crença na solidariedade.
Na minha lista das dez maiores personalidades do mundo Zilda Arns certamente estaria num dos primeiros lugares. Personagem do mundo, ela foi morrer logo no terremoto do Haiti, cuja população miserável e sofrida mesmo antes da tragédia necessitava tanto de suas soluções salva vidas simples, baratas e eficazes.



Médica pediatra e sanitarista, dedicou-se a salvar milhares de vidas de recém-nascidos com cuidados básicos e muita dedicação. Coisas como ensinar as pessoas a aproveitar os alimentos até o final, estimular o aleitamento materno, distribuir multimisturas para combater a desnutrição eram algumas delas. Acreditando que a mortalidade infantil está diretamente ligada ao grau de escolaridade materna, sua última cruzada no Brasil foi recomendar à Pastoral da Criança que alfabetizasse o maior número possível de mães.

Zilda Arns não está mais aqui, com sua elegância e sua beleza madura, mas seu exemplo e suas marcas permanecerão. Nossa Madre Tereza de Calcutá sem hábito se foi, mas os 230 mil voluntários que arregimentou em todo o Brasil e em outros 17 países continuarão se multiplicando e não deixarão que seu exemplo e sua lição sejam esquecidos.




4 comentários:

Cejunior disse...

Minha querida conterrânea, você não poderia ter definido melhor: a Madre Tereza dos brasileiros.

A Dra. Zilda Arns deixa uma vida inteira como exemplo a ser seguido por todos aqueles que ainda acreditam que alguma coisa boa pode sair dessa humanidade violenta, narcisista e consumista.

Veja só, ela esta no Haití, um dos países mais miseráveis do mundo, simplesmente ajudando, sem pedir nada em troca.

Decididamente, uma perda irreparável para todos nós.

JANI disse...

Dalva, concordo com suas palavras e compartilho dos mesmos sentimentos...Quem não se emociona e sente um nó com "perdas" de pessoas que podiam fazer bem mais pelos menos favorecidos. Só nos resta pensar que todos aprendemos com pessoas como Zilda e que as pessoas passam mesmo, mas suas obras e ideias permanecem, com outros discípulos. Que assim seja!
Abraços.

Ana Borges disse...

Alguém disse, qdo. Ghandi morreu, que gerações futuras dificilmente acreditariam q. um homem como ele havia passado pela Terra.
Não é exagero repetir aqui o mesmo em relação à dra. Zilda Arns.
É o que sente, profundamente, o meu coração.
Meu carinho a todos neste momento tão infeliz.

DIÁRIO DO RUFUS disse...

Como foi dito neste blog tempos atrás, morrem tantas pessoas bascanas e esses putos que estão aí sacaneando, roubando as pessoas, o país ficam aí.
A morte de Zilda Arns me chocou muito tb. Já vinha bastante, como dizer...chocada, triste ou sei lá o que, com a morte de uma amiga, uma senhora de 86 anos, inteira, esperta, alegre (apesar de ter perdido há 10 anos atrás um filho, que teve leucemia). Ela vinha às festas aqui em casa, sempre me dando um perfume. Andava muito a pé, viajava etc. Foi no ano novo pra Portugal, com toda a família, inclusive com a nora-viúva e o neto. Alugaram uma van que, simplesmente foi atropelada por um caminhão numas das estradas perto de Lisboa. Ela foi a única a morrer. Estava no banco de trás, onde nunca viajava. E, como no caso Dra. Zilda Arns, fiquei pensando que ela estava na hora errada no lugar errado. Mas não entro numa de tentar entender os motivos.