segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Documentário sobre Paulo Francis revela novas facetas de sua personalidade


Estou esperando este documentário sair há mais de dois anos, sei lá. Achava que o diretor, Nelson Hoineff, tinha tido problemas para finalizar o filme, pois já era para ter sido lançado há muito tempo. Antes, só alguns felizardos tiveram acesso a ele, em formato DVD, que foi lançado durante a entrega do Prêmio Esso de Jornalismo, em 2008. A versão para cinema, ligeiramente maior, só saiu agora e é esta que eu quero ver.
Hoineff garante que Caro Francis não é um filme nostálgico. Será que consegue? O que caracterizava o Francis era justamente o fato dele ser um jornalista polêmico e irreverente. Talvez por isso mesmo eu o admirasse tanto, principalmente no tempo do Pasquim. Nem sempre concordava com seus artigos, mas gostava tanto dele que cheguei a comprar dois livros seus mesmo durante o tempo de vacas magras da faculdade, o Paulo Francis nu e cru e Cabeça de papel.

Ele não tinha papas na língua e, como era muito inteligente, mordaz e desafiador, seus artigos e, principalmente, seus comentários na TV sempre representavam um algo a mais ao noticiário. O Diogo Mainardi, que por sinal era muito amigo dele e ocupou seu lugar no Manhattan Connection, dá um depoimento no filme. Por falar em Mainardi, só um parêntese: ele até tenta parecer com o Francis, mas não chega nem perto.

Havia quem odiasse o estilo de Francis, suas opiniões eu jeito de escrever, mas ele era um erudito, um homem culto e bem informado demais e não fazia questão de esconder isso de ninguém. E nem poderia, porque estava incrustado em seu ser, este era o Francis. Não sem razão, gostando ou não gostando dele, o fato é que ele foi um dos jornalistas mais importantes e influentes do Brasil na sua época.

Pelo que entendi, o filme de Hoineff não é uma biografia do Paulo Francis e foi feito a partir de depoimentos de vários de seus amigos, como Fernando Henrique Cardoso, Nelson Motta, José Serra, Fernanda Montenegro, Caio Túlio Costa, Sérgio Augusto, Ziraldo, Matinas Suzuki, Luiz Schwarcz e tantos outros, além, é claro da jornalista Sonia Nolasco, sua mulher por mais de 20 anos.

“Ele foi um grande amigo meu e o que tentei foi revelar um jornalista que muitos não conheciam, uma pessoa permanentemente transgressora, corajosa e profundamente generosa que fez a cabeça de toda uma geração”, disse Nelson Hoineff, para resumir o espírito de seu filme.




2 comentários:

Ana Borges disse...

Tô curiosa.
Espero q. Hoineff tenha entrevistado os desafetos tbém, gente q. tenha tido a coragem de falar da "bocarrotice" dele.
Só babação de ovo ñ vale.

Cris V disse...

Aninha, não sei nao, viu, mas pelo que li o filme deve ser bem personalista sim(e centrado na figura humana dele que só os amigos conheciam e que nada tinha a ver com sua imagem pública). A "bocarrotice" do Francis, como vc. chamou, acho que ficou de fora. De qq. forma, assim como vc, estou curiosa. Apesar da tal bocarrotice, o Francis fez a cabeça de nossa geração, pelo menos durante a ditadura. Depois... é outra conversa, ele ficou meio direitista demais pro meu gosto...