quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

De livros e leituras



Tenho lido poucos livros e isso me angustia. Estou com saudade dos meus livros. Como eu e D somos ratos de livraria e não resistimos a um livro, tem um monte na fila, a mesinha de cabeceira está que não ao cabe mais nada, que nervoso. Quando é que vou ter tempo de ler isso tudo, em? Acho que só se fizesse um cruzeiro ou passasse meses sem internet, sem televisão e sem companhia. Mas quem tem hábito de ler, como eu, não vive sem um livro por perto, não dorme sem ler nem que seja uma página e se delicia só com a perspectiva de passar uma tarde mergulhada em literatura.

Durante muitos e muitos anos, no período de vacas muito magras, graças a Belkiss e ao Antônio, da U-tópicos Fractais, pude continuar lendo a maioria dos livros que eu queria. Já há mais de 15 anos, eles têm uma locadora de livros, que funciona de modo semelhante a uma locadora de filmes aqui em Friburgo. O sistema deu certo justamente porque eles estão sempre investindo, compram nem que seja, três, quatro livros por mês e, com isso, conseguem manter um acervo bem atualizado.

Gosto de passar a mão nas páginas dos livros para sentir a textura. Gosto também de cheirar livro novo, a primeira coisa que faço quando compro um livro é cheirar.

Empresto livros numa boa. Se devolverem, ótimo. Se não, tudo bem também. Mas não gosto de ler livro emprestado. Porque leio muito deitada e dobro a lombada, o que acaba com meus livros. Também sou do tipo que faz orelhas nas páginas. Tanto para saber onde eu parei como para marcar páginas onde tinha alguma coisa que me chamou a atenção. Detesto marcadores de livros, quer dizer, são bonitinhos, alguns até guardo, mas só para enfeitar, depois que acabo de ler. Nunca usei.

Risco, marco, comento... Meus livros são todos marcados.

Sempre estou lendo um livro. E só um. Tem gente que lê vários de uma vez, eu nunca consegui. Fico tomada pelo enredo, pela história, de uma forma muito intensa, para dividir minha atenção.

Por falar em ficar tomada, já se foi o tempo em que insistia num livro sem estar gostando ou melhor, sem ter mergulhado nele. Hoje em dia, desisto com a maior facilidade. Não tenho tempo para perder. Agora retornei para A louca da casa. Não sou muito de leituras recorrentes, mas tem uns livros que me pegam pelo pé, como este. Aliás, acho que é por isso que não tenho muito apego ao objeto livro. Curto muito enquanto leio, fico literalmente apaixonada por cada um deles, mas depois que terminam, guardo num lugar qualquer do meu coração e já me encontro de novo envolvida com um novo amor. É por isso que quando um livro maravilhoso está acabando, começo a economizar, a ler em conta-gotas.

Com raras exceções, esqueço rapidamente a história de todos os livros que li só uma vez. O livro que li mais vezes foi, sei lá, acho que foi Reinações de Narizinho e Viagem ao céu, aliás, toda aquela coleção de capa verde de Monteiro Lobato.

Poesia é um caso à parte. Obras Completas, de Fernando Pessoa, está sempre ao meu lado, há anos. Mas fico meses sem ler e depois, mudo de poeta. Agora, com os blogs de poesia (de modo especial, o Poemarte e Terra de Esperança), quase não tenho tocado nos livros.

A cama é o lugar onde mais gosto de ler. Mas ler também é a melhor coisa a fazer quando se espera por alguém ou por alguma coisa. Por isso mesmo, levo sempre um livro na bolsa. Acho que é por causa disso que adoro edições de bolso (desde que sejam caprichadas).

A capa me influencia demais na hora de comprar. Já comprei livro pela capa. Sempre procuro saber quem fez e também quem traduziu. Já títulos não mexem tanto comigo, a não ser quando são realmente geniais.

Agora, não resisto mesmo a uma biografia. Acho que é meu gênero preferido.

Gosto de livros bonitos, como os de papel amanteigados da Cia das Letras. Não sou muito de frequentar sebos, mas desde que entrei a primeira vez na Estante Virtual virei cliente. É prático demais e baratíssimo.

Adoro dar livros de presente. É prático, até certo ponto, um presente barato, marcante, com personalidade. Mas sempre tenho medo de não agradar e sei que isso muitas vezes acontece. Fico impressionada com pessoas que não gostam de ler, que não sentem prazer com a leitura. Elas perdem uma parte muito interessante da vida.

Amo dedicatórias, bem pessoais, bem informais, do fundo do coração mesmo. Nada a ver aquele cartãozinho junto com o presente, como mandam as regras de etiqueta.

Que coisa mais charmosa é homem lendo, já reparou? Preste atenção da próxima vez que for a uma livraria, como eles ficam lindos tomando um café e com um livro nas mãos.

Aguardo ansiosamente a popularização do Kindle. Pode ser que eu me engane, mas acho que vou me adaptar perfeitamente.









Imagens de Tomasz Sętowski e Francine Van Hove

2 comentários:

Luiz Sergio Nacinovic disse...

Você fala de textos dos outros como eu. Você nos livros e eu nos recortes, bem mais anônimo e dissimulado.
Adoro surfar e encontrar obstáculos que me prendam a atenção.
Como uma estrêla no céu que está sempre no caminho quando eu dou uma transversal no espaço à noite.
Sabia que até meu cachorro olha? Ele sabe que eu gosto para aquilo que olho e observo....Tão longe....tão perto....

Liana disse...

Como é difícil achar alguém que não se importa de emprestar livros,né? Eu confesso que pegar emprestado é muito mais prazeiroso para mim,ainda mais aqueles com sublinhados que dão dicas sobre quem emprestou.
Dalvinha, o Guerra está tão poético...que bom!

Beijo da sobrinha,

Mana