quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Diante dos vídeos de Brasília



Estou tomada por uma sensação de desalento que, de uma certa forma, vem paralisando minha mente e tem até me afastado aqui do blog. Sabe quando a gente fica achando que nada vale a pena, que nada faz sentido?

Mais precisamente, que não adianta denunciar, criticar, brigar? Sinto-me em estado de choque diante dos vídeos de Brasília, cada um mais torpe e vergonhoso que o outro, das declarações de Lula sobre o episódio envolvendo José Roberto Arruda, afirmando que “os vídeos não falam por si”, do noticiário que passa a impressão, eu diria mesmo, a certeza, de que nada vale a pena, que mais uma vez tudo vai acabar em pizza.

Desanima constatar as ameaças e acusações de uns contra os outros, imaginar os acertos e acordos que já estão sendo articulados e fechados na capital. A sensação de que o poder sempre estará nas mãos de políticos safados e corruptos, de lobistas, de curriolas é paralisante.
Enfim, tudo o que tem vindo à tona desde sexta-feira é muito triste. Mas, por incrível que pareça, não tem mais me surpreendido nem revoltado nho me sentido , eu diria, revoltante. O problema é que este sentimento de revolta parece ter me abandonado e é isso que me apavora. Prefiro mil vezes a indignação que o conformismo. E não estou mais me sentindo indignada. Chocada, sim, mas não indignada, revoltada.

O desalento, este sentimento deplorável, tira da gente o que temos de melhor, justamente por nos impelir para a frente: o interesse pelos desafios. Traz em si algo abominável em sua própria essência, a falta de expectativas e, mais ainda, de perspectivas. Em uma palavra, a possibilidade de vislumbrar um futuro melhor para o nosso país. Uma tristeza.






Imagens de Stefano Bonazzi e Platinum Image Conception Studio

3 comentários:

liliana disse...

Sinceramente? Não me surpreendo mais com nada. E isso já vai de longas datas. Vejo essas notícias, guardo o nome do fdp e pronto. Mas sei que, mesmo que o cara seja punido - se é que ser excluido do partido, por exemplo, seja punição - ele voltará em grande estilo, de uma forma ou de outra. e se não voltar, vai estar em sua terra, elegendo filhos, sobrinhos, mulher (es) etc., e cheio da grana e poder, continuar comandando as coisas. com a família e amigos reunidos para o churrascão à beira da piscina nos fins de semana, viajando e curtindo seus carrões e até avião. Ou seja, de uma forma ou de outra ele se dá bem. Enquanto a punição máxima se resumir apenas em "não poderá concorrer a cargo público por tantos anos" esses caras estarão aí. Isso nas raras vezes em que são punidos. a punição tem que ir além, tem que ter Receita Federal para verificar enriquecimento ilícito e aquisição de bens dele e de parentes, a polícia tem que apurar todos os crimes, a justiça tem que tomar vergonha na cara e fazer um jungamento rápido e justo (parece óbvio né? justiça julgamento justo....). E os eleitores, independente de que isso tudo aconteça ou não tem que excluir esses caras da vida pública. Se não forem presos, se não perderem dinheiro e prestígio, nada fará com que eles parem. Se um pobre qualquer rouber 20 contos em algum lugar não vai preso e fica sem dinheiro? Não é a mesma coisa, em escalas diferentes, é claro?

JANI disse...

É Dalva... esta chocante e triste realidade do cenário político
( rotina que invade nossas casas) realmente tem produzido, em quem pensa e faz a vida com um mínimo de ética e dignidade, sentimentos que não queremos experimentar... Precisamos nos indignar sim,buscando forças para não nos conformarmos ou calarmos ou... desistirmos! Há pessoas que podem fazer uma política de valor!
Abraços...

Ana Borges disse...

Esse cara já renunciou uma vez qdo. foi pego junto c/o ACM alterando votação no painel eletrônico.
Ambos voltaram mais cínicos ainda.
Eles e todos q. já saíram antes do julgamento ou foram enxotados, tipo Collor. O povo gosta deles, vota neles.
Nada disso me espanta mais.
Agora, o curioso é q. sempre q. um elemento desses cai em desgraça, ele ameaça levar junto mais alguns, aí esses 'alguns' recuam, e então começa o chove ñ molha, p/blindar o pulha.
E como dizia o Ibrahim, os cães ladram e a caravana passa. Esse ditado pode ser interpretado de várias maneiras. No caso aqui me sinto o cão e eles a caravana.
E sempre passarão.