quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Lévi-Strauss, mais um que se vai...


Homens como ele não deveriam morrer nunca. Nem envelhecer. Fiquei triste quando vi Lévi-Strauss pela última vez na tevê, já com mais de cem anos, esquálido, com Parkinson, numa cadeira de rodas, se não me engano. Uma imagem deprimente que não lembra em nada aquele pesquisador vigoroso que se embrenhava florestas adentro para fazer suas pesquisas, que teve fôlego para escrever dezenas de obras-primas. E marcou seu nome, para sempre, na história do pensamento contemporâneo com suas pesquisas ideias.

Lévi-Strauss era um mito para mim e para toda a minha geração. Com o tempo, foi se tornando cada vez mais pessimista com relação ao futuro da humanidade e alguém duvida que ele estivesse certo? Quem, em sã consciência, ousaria desafiá-lo? Nos últimos anos, quase não dava entrevistas, mas nas poucas que concedeu e que tomei conhecimento, não se cansava de falar da explosão demográfica e outras explosões, ainda mais aterrorizantes, sempre deixando claro que o mundo está avançando na direção errada.

Vindo de quem vinha, dá um medo enorme. O que será deste mundinho reles em que a gente vive???!!! Pior, o que será de nóooooooooooooooos?!!!!!!!!!!!!!!!

Por enquanto, estamos apenas mais pobres porque Lévi-Strauss se foi. Estava na hora. Cem anos está de bom tamanho, tadinho, mas, repito, homens como ele, não deviam morrer nem envelhecer. Tudo que não sei dizer sobre ele mas gostaria de ter dito está em artigo assinado por Rafael Cariello na Folha de São Paulo.




"Estamos num mundo ao qual já não pertenço. O que eu conheci, o que eu amei, tinha 1,5 bilhão de habitantes. O mundo atual tem 6 bilhões de humanos. Já não é o meu mundo".



“Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele”.

"O homem é uma espécie passageira que deixará apenas alguns traços de sua existência quando estiver extinta".

"O dia em que se chegar a compreender a vida como uma função da matéria inerte será para descobrir que ela possui propriedades diferentes das que lhe atribuíam”.


“O sábio não é o homem que fornece as verdadeiras respostas; é quem faz as verdadeiras perguntas”.




Imagens: Salvador Fuster e Vik Muniz

2 comentários:

Ana Borges disse...

Não sou sábia.
Aliás não conheço e nunca convivi com nenhum.
Qdo. muito, procuro lê-los, pq. me faz bem.
Lévi-Strauss fez a cabeça da minha geração. Depois da minha, ñ me lembro de ninguém falando dele ou de sua obra, a ñ ser os estudantes de sociologia, antropologia, filosofia. Em guetos...
E cada vez q. morre um tipo como ele, ñ sobra ninguém p/falar, fazer pensar, refletir, como ele falou e pensou.
Assim como ñ teve outro Darci Ribeiro, nem vão ter alguns mais, mundo afora.
Esse mundo tá ficando uma pobreza só, uma desgraça cada vez maior, uma bosta mesmo.
E eu cada vez mais doida c/as perguntas sem respostas, q. aumentam todos os dias.
Não me dão trégua, ficam pipocando que nem faíscas no meu cérebro/mente.
Well, vou assistir Michael no cinema. Fingir q. sou "normal".
Bjs, Dalvinha.
Te amo.

Liana disse...

Oi Ana! É mesmo...bem lembrado o Darci.
Pois é,esse cara era o máximo! Um apaixonado! Por causa dele incluí ser estudante de antropologia nos meus sonhos.
Onde andava você???? Isso aqui estava um marasmo sem nossas pequenas reuniões para um café virtual rsrsrs