quinta-feira, 15 de julho de 2010

A (falta de) sentido da vida...



No fim da tarde, depois que saí do jornal, fui lanchar no Grão Café com minha amiga Ana Borges. O assunto que dominou nossas conversas ontem, infelizmente, não foi dos mais agradáveis. A doença, com todo seu sofrimento, a velhice, o fim da vida. Ocorre que tanto eu como ela estamos acompanhando de perto o drama de muitos parentes e amigos nesta situação deprimente.

O que dizer a uma amiga, cuja mãe, de oitenta e tantos anos, teve de ser operada de um carcinoma no intestino, depois disso teve todas as complicações pós-cirúrgicas possíveis e está há quase um mês no hospital, entra e sai do CTI? E a minha irmã, coitada, com o coração já fraquinho e problemas pulmonares, cujo marido já fez 12 sessões de quimioterapia e já está enfrentando outra série de seis lá quantas sessões? A Ana, por sua vez, enfrenta diversos casos de doenças sérias na família, tios e tias idosos, alguns senis, com todas os problemas inerentes a esta condição. Sem falar em seu querido primo, o cineasta Fábio Barreto, que está em coma há sete meses depois daquele trágico acidente. E o Guerra, meu amigo de longa data (e hoje apenas através da web) que há anos vê o estado de sua mulher, uma jornalista premiada até com o Esso, se deteriorando, vítima de Alzheimer desde os 40 e poucos anos? E olha que só estou comentando aqui situações e casos de gente próxima e que não são, sequer os mais tristes e dramáticos que a gente conhece.

Não, não é fácil. Pessoalmente, não consigo aceitar estas situações com tranquilidade, embora não haja outra opção. Para quem, como eu, se tornou agnóstico, para quem, como eu, perdeu a fé, depois de tentar (e se decepcionar) com várias religiões e várias possíveis explicações para o sentido da vida, é pior ainda. Para quem acredita que tudo isso que acontece é por vontade de Deus, quem acredita erm céu e inferno, na vida eterna, estas coisas, é muito mais fácil.
Enfim, xô baixo astral que está um dia lindo lá fora e hoje marquei um happy hour com meus primos queridos. Vamos tomar um bom vinho no Cônego e celebrar a vida. Enquanto é tempo...

Imagem de Jacek Yerka


2 comentários:

Liliana disse...

Ô assunto complicado! Principalmente para nós que não acreditamos lá em muitas coisas, né? Parece que eu vivo nessa história desde que nasci. Minha avó materna, viúva, sempre morou conosco. Eu, pequena, a vi definhar até um belo dia que, antes de ir pro colégio, de manhã, passei no quarto dela pra dar bom dia, como de costume. Ela não se mexeu, eu fiquei com muito medo, mas preferi acreditar que estava apenas dormindo e fui pro Mercês. Depois meu pai, aposentado por problemas no coração. Marca-passo, anos e anos de expectativa e o enfarto final. Eu já na faculdade. E aí, mamãe, que vc conhece. Cada vez mais dependente, cada vez mais fraquinha. Um susto por dia. E a morte se aproximando. Falta de expectativa, de objetivos. FAzer o que neste mundo nesta situação????? Beber vinho, pelo menos. Pelo menos isso ela faz, e bem. Rsrsrsrs. Outras pessoas que eu considero como parentes, na mesma situação. Tem jeito? não. Então, vamos viver da melhor forma possível a cada dia. Curtir o que puder. E aí, volto a um assunto que nós conversamos, sobre gastar dinheiro com festas etc. Não são esses momentos que nos dão alegria? Uma viagem, um bate-papo (de preferência não virtual) com amigos. Uma reuniãozinha com ou sem motivo. Uma atenção, um detalhe simpático, um carinho, uma palavra de apoio na hora certa. Enfim, detalhes tão pequenos de nós dois ou de todos nós. São só momentos, e dái? Hoje tento viver esses momentos. Sem complicar. E ponto. Minha mãe pode morrer a qualquer momento. Ou eu. E isso é a única coisa que temos certeza desde que nascemos. Então, tento fazer a minha vida o mais leve e alegre possível. O que inclui amizades sólidas, com vários tipos de pessoas (idade, sexo, opções, "rolos" etc). O resto eu me viro. Fui.

Lista Telefonica disse...

www.sualista.com.br